11 de abr. de 2012

A Escola da Vida




Um jovem discípulo chegou até seu mestre que pescava a beira do lago e disse:
— Mestre, vejo que estás num momento de repouso e não queria incomodá-lo, mas estou enfrentando alguns problemas deveras sérios. Preciso muito de seus conselhos.
O mestre olhou para ele por um tempo longo demais, a ponto de provocar no jovem certo constrangimento.
Fez um sinal para sentar-se ao seu lado. Um peixe beliscou a isca e escapou. Com olhar fixo na água o velho lembrava-se, de quando, num passado distante, ele levara a mesma questão a um antigo mestre que já se fora.
O céu de um azul intenso e brilhante, refletido nas águas plácidas do lago, catalisava em sua memória, aquele momento que ele considerava seu “ponto mágico de mutação”.
Um momento, num passado distante, quando uma simples pergunta, respondida de forma sóbria e econômica levantara por breve fração de segundo o véu que encobria todos os mistérios da vida.
— Responda-me, meu jovem, sem pensar nem pestanejar, de forma sóbria e sincera, como você define a vida?
O jovem respondeu num impulso.
— A vida é um campo de batalha.
— Muito bem. Agora me conte seus problemas e verei como ajudar a resolvê-los.
O jovem começou:
— Tudo na minha vida está dando errado. Parece que o Universo conspira contra mim. Tudo que tento fracassa.
Aquele rosário de reclamações prosperou por longos minutos, quando o velho de olhos fixos na água só escutava. Quando o jovem esgotou seu repertório de palavras negativas o mestre disse a ele.
— Agora fique com os olhos fixos no movimento calmo das águas e no reflexo do céu e me ouça. Mas tente manter sua razão desligada. Ouça apenas com a voz do coração. Deixe enquanto isto de lado suas certezas e crenças. Como você disse “a vida é um campo de batalha”. Num campo de batalha você é um guerreiro entre guerreiros e armas, parceiros e inimigos. Resta a você guerrear. 
Ai está a fonte de todos os seus problemas. Seus inimigos querem matá-lo, seus parceiros estão tentando salvar a própria vida. Não há como nada dar certo neste cenário.
Precisa entender que a resposta a esta pergunta primordial sobre “o que é a vida”, a partir de nossos padrões de crenças dispara automaticamente nossos modelos de ação.
Se você responde que a vida é um parque de diversões isto resultará num modelo de ação baseado em brincadeiras e folguedos. Já se a vida é um cassino o jogo e o risco será a ação mais natural. Por outro lado se a vida é um acidente astrológico ela será marcada por um movimento de ondas que você não poderá interferi e fazer escolhas. Nossas crenças são como bagagens e tranqueiras que nem sempre servem aos nossos propósitos e objetivos.
Você pode mudar sua vida mudando suas respostas para as perguntas de sempre. Mas não as mudando da boca pra fora, mas com intenção e desejo ardente.
O Universo é como o gênio da lâmpada e vai realizar todos os seus desejos sinceros. Uma resposta de qualidade àquela pergunta inicial pode bem ser que a vida é uma escola, um campo de aprendizado e evolução, porque a partir desta resposta a ação natural vai ser aprender e evoluir.
Para o aprendiz errar é parte do aprendizado, que leva dentro de um processo natural a produzir acertos. Ninguém cobra de um aprendiz que ele acerte de pronto, mas que repita a lição ate ficar exímio na arte de acertar.
E agora eu te repito a pergunta: como você define a vida?
O jovem, com expressão calma e olhar brilhante apenas disse:
— Obrigado mestre. Aprendi a lição.


                                                                João Drummond 



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