Direitoncio e Esquerdalho são amigos de infancia. Sua relação
é morbida e doentia. Vivem brigando mas não largam a companhia do outro. Não se
suportam, mas tambem não conseguem viver sem o outro. Acham que a vida fica
muito monotona sem as tretas nas rede sociais.
Certo dia, Direitoncio conheceu uma garota no barzinho, e
logo se sentiu atraido por ela. Moça simpatica, bem falante, moderninha.
̶ Como voçe se chama?
̶ Fofinha Danadinha.
Depois de alguns drinks convidou a garota para sairem para um
lugar mais reservado e aconhegante e para sua supresa ela gasgou o verbo.
̶ Demorou. Conheço o
motel otimo.
E assim seguiram para a saida da 040. Depois de alguns
birinaites, cigarros e trepadas, conversa vai, conversa vem, a garota revelou
que era casada. Até ai tudo bem para
Direitoncio. Era até melhor porque, saindo dali, cada um por si e a vida
continua.
O capeta da curiosidade não falha e Direitoncio quis saber:
̶ Quem é mesmo o
felizardo do seu marido?
̶ É o Zé Fidencio da
Cervejaria Baker.
Direitoncio tomou um susto.
̶ Puxa vida. Um grande
amigo da faculdade.
̶ Que azar do Zé,
(disse a nossa Fofinha). A cervajaria fechou, sem emprego e nós aqui botanto um
chifre nele, do tamanho do pirulito da Praça Sete.
Ao que Direitoncio retrucou:
̶ Realmente
lamentavel, Apesar da liberdade de imprensa, do direito da livre iniciativa, do
direto de posse de armas e do respeito a propriedade privada, etc, etc, já que
estamos aqui, vamos continuar com nosso trato. Afinal nós não sabiamos, e
amigos, amigos, negócios a parte. Vamos fazer um brinde ao Zé.
E assim foi noite adentro. Um brinde ao chifrudo e uma
trepada até o sol raiar.
Na semana seguinte a nossa Fofinha conheceu no mesmo barzinho
o Esquerdalho.
A história aqui ser repetiu em parte e não vamos cansar nosso
leitor com os detalhes.
Chegamos aqui na parte em que Fofinha Danadinha revela que é
esposa do Zé Fidencio, e que coincidencia danada. Esquerdalho tambem foi amigo
de faculdade do Zé.
̶ Nossa que susto. Nós
traindo aqui meu grande amigo.
̶ O Zé não se emenda.
Tem vocação pra corno. (disse Fofinha).
E a partir dali foi uma choradeira só.
Esquerdalho falou da desqualdade social, do regime opressor
do trabalhador, da revolução das massas, o direito das minorias, da democracia
e justiça etc, etc.
E entre goles de cerveja, pedaços de mordatela e lamentos em
homengem a Zé, a noite correu movimentada no motel. Era uma chorada e uma
trepada.
Quando o sol raiou Fofinha Danadinha, filosofou bem ao estilo
dos poetas de bordel.
̶ Que coisa estranha.
Esquerdalho e Direitoncio tem um discurso diferente e até oposto, mas na
pratica a sacanegem é a mesma.
João Drummond
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