Fala-se muito sobre a importancia de desenvolvermos os hábitos da leitura e da escrita e dos benefícios que isto representa para a saúde, desenvolvimento pessoal e profissional, etc.
Qual é afinal, a importância da literatura para a
humanidade em geral, e para o individuo em particular?
A literatura e o desenho (primeiros passos das artes
plásticas) podem ser consideradas artes essenciais e estruturais. A partir
delas outras artes se criaram e se desenvolvem como elos inacabados da evolução
humana.
Isto é fácil de se constatar se pensarmos que, quando
o Homem dos primórdios fazia rabiscos nas paredes das cavernas e montanhas, de
representações de elementos de sua realidade, nascia ali o esboço da escrita e
do desenho.
As artes rupestres definiram então desde este primeiro
momento dois elementos que dimensionam a importância da literatura naquela
questão levantada acima.
Estas artes deixaram para nós os registros de uma era,
que podem ser considerados esboços do jornalismo mais rudimentar, assim como também os
modelos de catarse ou terapia que as artes representam para o individuo e para
as comunidades.
Informação e conhecimento de um lado e de outro a
decodificação de nossos medos, duvidas e crenças.
As artes visuais e auditivas só podem existir a partir
da literatura. Como se fazer filmes, teatros, musicas sem antes se escrever
enredos, narrativas, letras etc.?
A literatura é investimento de longo prazo. De fato
não se pode esperar dela lucros imediatos, e os afoitos e imediatistas preferem
em função disto desmerecer e desqualificar sua importância.
Muitas pessoas perguntam se literatura dá dinheiro, e
diante de uma resposta negativa questionam: então pra que se perder tempo
fazendo algo que não dá lucro financeiro?
Pra que escrever afinal?
Se a grande maioria dos autores renomados que
conhecemos pensasse assim não teríamos o fabuloso acervo deixado por eles e que
compõe a base da nossa cultura, e importa lembrar ainda que esta grande maioria
viveu e morreu na penúria.
Muitos destes nomes que são referencias nas artes e na
cultura, só foram reconhecidos após sua morte.
Existem outros tipos de remunerações que a literatura
consegue promover e que nenhum dinheiro no mundo pode comprar.
Qualidade de vida, bem estar, realização pessoal, reconhecimento
publico, saúde, etc., tudo isto são ganhos reais que podem se incorporar a vida
de quem desenvolveu os hábitos da leitura e da escrita.
Isto porque a literatura consegue promover a catarse
tanto individual quanto coletiva trazendo com maior qualidade aquilo que teria
de ser adquirido por algum valor financeiro.
Os investimentos públicos de estímulos a leitura e
escrita podem reduzir em muito os gastos com a saúde, segurança, educação,
trabalho e aumentar a qualidade de vida das cidades.
Quando lemos e escrevemos como habito, notamos que “as
visões vão clareando... as visões vão clareando, até que um dia acordamos” (com
licença do Geraldo Vandré).
Isto ocorre porque estes hábitos em seu
desenvolvimento natural estimulam paralelamente uma reflexão continua que areja
o pensamento e melhora a qualidade de nossas crenças. E como pensamento é
realidade...
Tudo isto vem a favor da tese de que a literatura é
investimento de longo prazo tanto para a humanidade quanto para o individuo.
A opção de buscarmos com ansiedade o lucro financeiro
em detrimento dos valores culturais é uma forma de dourarmos a pílula e
perpetuamos a mediocridade de uma vida ostensiva, opulenta e sem sentido e
conteúdo.
Depois disto não adianta lamentarmos sobre a cultura
perdida e a arte depreciada. Cada sociedade faz suas escolhas e paga seu preço.
O exemplo historico mais evidente é Atenas e Esparta. A primeira deixou para o
mundo os grandes filósofos e pensadores, já a segunda apenas sua notória e
evidente capacidade militar.
João
Drummond
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