19 de abr. de 2012

Literatura – A Arte Essencial



Fala-se muito sobre a importancia de desenvolvermos os hábitos da leitura e da escrita e dos benefícios que isto representa para a saúde, desenvolvimento pessoal e profissional, etc.
Qual é afinal, a importância da literatura para a humanidade em geral, e para o individuo em particular?
A literatura e o desenho (primeiros passos das artes plásticas) podem ser consideradas artes essenciais e estruturais. A partir delas outras artes se criaram e se desenvolvem como elos inacabados da evolução humana.
Isto é fácil de se constatar se pensarmos que, quando o Homem dos primórdios fazia rabiscos nas paredes das cavernas e montanhas, de representações de elementos de sua realidade, nascia ali o esboço da escrita e do desenho.
As artes rupestres definiram então desde este primeiro momento dois elementos que dimensionam a importância da literatura naquela questão levantada acima.
Estas artes deixaram para nós os registros de uma era, que podem ser considerados esboços do jornalismo mais rudimentar, assim como também os modelos de catarse ou terapia que as artes representam para o individuo e para as comunidades.
Informação e conhecimento de um lado e de outro a decodificação de nossos medos, duvidas e crenças.
As artes visuais e auditivas só podem existir a partir da literatura. Como se fazer filmes, teatros, musicas sem antes se escrever enredos, narrativas, letras etc.?
A literatura é investimento de longo prazo. De fato não se pode esperar dela lucros imediatos, e os afoitos e imediatistas preferem em função disto desmerecer e desqualificar sua importância.
Muitas pessoas perguntam se literatura dá dinheiro, e diante de uma resposta negativa questionam: então pra que se perder tempo fazendo algo que não dá lucro financeiro?
Pra que escrever afinal?
Se a grande maioria dos autores renomados que conhecemos pensasse assim não teríamos o fabuloso acervo deixado por eles e que compõe a base da nossa cultura, e importa lembrar ainda que esta grande maioria viveu e morreu na penúria.
Muitos destes nomes que são referencias nas artes e na cultura, só foram reconhecidos após sua morte.
Existem outros tipos de remunerações que a literatura consegue promover e que nenhum dinheiro no mundo pode comprar.
Qualidade de vida, bem estar, realização pessoal, reconhecimento publico, saúde, etc., tudo isto são ganhos reais que podem se incorporar a vida de quem desenvolveu os hábitos da leitura e da escrita.
Isto porque a literatura consegue promover a catarse tanto individual quanto coletiva trazendo com maior qualidade aquilo que teria de ser adquirido por algum valor financeiro.
Os investimentos públicos de estímulos a leitura e escrita podem reduzir em muito os gastos com a saúde, segurança, educação, trabalho e aumentar a qualidade de vida das cidades.
Quando lemos e escrevemos como habito, notamos que “as visões vão clareando... as visões vão clareando, até que um dia acordamos” (com licença do Geraldo Vandré).
Isto ocorre porque estes hábitos em seu desenvolvimento natural estimulam paralelamente uma reflexão continua que areja o pensamento e melhora a qualidade de nossas crenças. E como pensamento é realidade...
Tudo isto vem a favor da tese de que a literatura é investimento de longo prazo tanto para a humanidade quanto para o individuo.
A opção de buscarmos com ansiedade o lucro financeiro em detrimento dos valores culturais é uma forma de dourarmos a pílula e perpetuamos a mediocridade de uma vida ostensiva, opulenta e sem sentido e conteúdo.
Depois disto não adianta lamentarmos sobre a cultura perdida e a arte depreciada. Cada sociedade faz suas escolhas e paga seu preço. O exemplo historico mais evidente é Atenas e Esparta. A primeira deixou para o mundo os grandes filósofos e pensadores, já a segunda apenas sua notória e evidente capacidade militar.


                                                            João Drummond


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