Escritores
brasileiros querem aproximação com América Latina na literatura
Os
escritores brasileiros Cristovao Tezza e Silviano Santiago pretendem fazer da
literatura um veículo de aproximação do Brasil com os países vizinhos da
América Latina, sem os clichês de "macumba, caipirinha e carnaval".
Tezza,
representante da literatura brasileira contemporânea, e Santiago, analista
dedicado a identidade brasileira, concordam com a função globalizadora da
cultura, disseram em entrevista à Agência Efe durante a participação na 25ª
Filbo (Feira Internacional do Livro de Bogotá).
País
convidado de honra do evento, o Brasil tem a intenção de estreitar os laços das
manifestações artísticas com seus vizinhos. "O Brasil tem que se aproximar
mais da América Latina", assegurou Tezza, ao lembrar que nos últimos dois
séculos o país se relacionou mais com Europa e Estados Unidos.
O
escritor exemplificou a distância entre o Brasil e a América Latina no setor
editorial ao citar que seu romance autobiográfico de 2008, "O Filho
Eterno", sobre a relação dele com seu filho com síndrome de Down, foi
traduzido na França, Holanda, Eslovênia e Itália, mas nunca para um país de
língua espanhola. O livro será publicado no México a partir do segundo semestre
deste ano, quatro após ter sido escrito.
Apesar
da realidade, o escritor se mostrou otimista com os eventos editoriais para o
avanço da literatura brasileira contemporânea nos países latino-americanos. No
mesmo sentido, Santiago reivindicou o "cosmopolitismo artístico" para
compartilhar manifestações culturais.
No
entanto, o autor observou que o Brasil possui muitas iniciativas culturais e
que, inclusive, começou desde cedo a trabalhar no Modernismo, movimento
cultural que desde 1920 buscou definir a identidade brasileira desligada dos
valores europeus. Mas, destacou que o país desconhece seu potencial.
"Antes
que nada é preciso que o próprio brasileiro explique ao brasileiro que o Brasil
não é um país que exporta 'macumba' para turistas", disse Santiago. Tezza
ainda lamentou que em suas conferências pelo mundo é apresentado, às vezes,
como um escritor "do país da caipirinha e do Carnaval".
"Nossa
cultura tem estigmas muito fortes: Bahia, mulatas, Carnaval, e é muito difícil
sair disso", opinou Tezza. Ele também considerou essencial que a
literatura brasileira retome sua conversa com o mundo.
Para
Santiago, a configuração de uma identidade própria brasileira é essencial para
que o país vença as adversidades internas, a partir de "uma melhor
distribuição no PIB (Produto Interno Bruto)".
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