“Pedro tu
és pedra e sobre esta pedra construirei a minha Igreja”. A história registra a celebre frase como o
marco inicial da Igreja de Cristo. Teria sido proclamado, pela mesma versão, o
primeiro Papa da cristandade. Se a história real se passou desta forma não se
sabe. O que sabemos do passado é o que a versão oficial afirma e faz prosperar
ao longo dos tempos.
Pedro
então, de simples pescador de peixes, teria sido convocado para uma tarefa mais
difícil: a de pescador de homens. Mais precisamente das almas destes.
O homem
humilde e pobre lideraria então, num momento zero o que viria a ser tornar uma
das maiores religiões de nossa conturbada Era. A missão de Pedro? Resgatar as
almas dos pobres mortais, prisioneiras da natureza múltipla e complexa desta
entidade classificada, na categoria das espécies, como animal racional.
Notem que o
animal vem antes do racional, e isto não se dá por acaso. O animal que habita
em cada um de nós, dá as caras diuturnamente, às vezes de forma mais vil e
assustadora. Ajudar este ser a evoluir, crescer em consciência, torna-se cada
vez mais humano e menos animal já era uma tarefa quase impossível naqueles
primórdios da cristandade.
Exigia um
comprometimento e uma força moral a prova de quaisquer dúvidas ou incertezas.
Como se seguir um pastor por caminhos e veredas desconhecidas e insondáveis se
não confiamos na sua liderança descompromissada e autentica?
Aquela
Igreja que começara seus tímidos passos, tendo como pilares, palavras e
princípios, cresceu em estrutura física, poder financeiro e político, mas
perdeu ao longo da história sua autoridade moral, baseada naquelas colunas singelas,
lançadas a partir dos ensinamentos de Cristo e levados a termo pelo seu mais dramático
exemplo.
Como a
Igreja-Estado, dominada pela opulência e ostentação pode levar a um mundo
submerso em desgraças, misérias e crises sem fim, a mensagem original de
Cristo, de amor ao próximo e evolução da consciência?
Como esta
organização que não conseguiu incutir em boa parcela de seus pastores, os princípios
da moral irredutível e de valores, que como escudo mágico, os protegessem das
armadilhas e tentações, que assolam como epidemias seus rebanhos?
Se de lado
a Igreja-Estado sempre se posicionou de forma conservadora e muitas vezes retrógrada
diante de temas polêmicos da atualidade, de outro permitiu que se abrigasse a
sua sombra atos de corrupção, prostituição e pedofilia. Hoje, estes esqueletos
teimam em aparecer e ameaçar as bases de sua frágil autoridade moral,
sustentada artificialmente por certo tempo pela omissão e descaso, ou mesmo de
forma mais grave, pelo marketing inspirado nos pensamentos de Goebbels.
Este talvez
seja um dos maiores desafios do Papa Francisco. Resgatar a autoridade moral da
Igreja de Roma, a começar da sua própria cozinha. Como levar às ovelhas a
mensagem de Cristo, se boa parte de seus pastores se dissociaram dela?
Na verdade,
desde o tempo de Pedro, da “pedra” e dos princípios pregados por Cristo até
esta Era de Francisco, da Igreja de Roma e de seu marketing espiritual, muita
coisa mudou. Sua mensagem ficou confusa, ultrapassada e diluída, num mundo em
que o espiritual se transformou em apenas mais um produto de marketing,
oferecido a preços módicos por milhares de salvadores e profetas. O caminho da
salvação já pode ser comprado até pela internet em “ene” prestações.
João Drummond
O Papa Francisco celebrou nesta quinta-feira (14), na Capela Sistina, diante dos 114 cardeais que o elegeram na véspera, a primeira missa do seu pontificado.
ResponderExcluirEle disse que a Igreja Católica deve se concentrar no Evangelho, caso contrário, corre o risco de se transformar em uma "ONG piedosa".
"Se não professamos Jesus Cristo, nos converteremos em uma ONG piedosa, não em uma esposa do Senhor", disse, durante a homilia, que durou sete minutos.
O sucessor de Bento XVI também disse que, quando os fiéis "caminham sem a Cruz, edificam sem a Cruz e professam sem a Cruz", "não somos discípulos do Senhor".
"Podemos ser leigos, podemos ser bispos, sacerdotes, cardeais, Papas, mas não discípulos do Senhor", disse, sem recorrer a anotações.
O novo Papa afirmou que "quem não reza ao Senhor, reza ao diabo, já que quando não se proclama Cristo, se proclama a mundanidade do diabo, do demônio".
A missa foi celebrada em latim, com algumas leituras em italiano.
Ela ocorre um dia após a inédita eleição do cardeal argentino Jorge Mario Bergoglio como 266º pontífice da Igreja Católica, e na capela, no Vaticano, onde ocorreu a reunião de cardeais que o elegeu.
http://g1.globo.com/mundo/novo-papa-francisco/noticia/2013/03/papa-francisco-reza-na-capela-sistina-1-missa-de-seu-pontificado.html