14 de jan. de 2011

Os Beatles - (Do Túnel do Tempo)



         A REVOLUÇÃO DOS BEATLES



A morte de George Harrison, em novembro de 2001, levou-nos de volta a uma viagem virtual aos anos sessenta, onde aconteceu o renascer da Fênix, alguns anos após a segunda grande guerra.
Com o fim da guerra vislumbrou-se um mundo machucado, prostrado em suas dores, apático diante das imagens cruéis da destruição.
Milhões de mortos e feridos eram as testemunhas mudas daqueles crimes universais que nos deixavam perplexos diante da maldade humana.
Fora o homem capaz de tal obra demoníaca? Porque e para que afinal? Eis as perguntas que não eram feitas, mas que não se calavam, como se já soubéssemos das respostas e apenas nos negássemos a admiti-las.
O mundo superava suas mazelas, e entrava nos anos cinqüenta e sessenta com uma revolução de hábitos e costumes.
Os jovens, substituindo os generais da guerra mostravam o caminho da bonança e da paz.  
A partir da década de sessenta uma musica frenética, um ritmo inovador que escandalizava os mais velhos e arrastava multidões da adolescentes, vinha como fundo musical daquele filme rodado ao vivo e a cores na tela da humanidade.
O contraste era marcante, primeiro as cenas cinzentas e dramáticas da guerra.  A seguir entrava a película colorida e alegre conduzida por jovens rebeldes que roubando a cena levavam o mundo a uma nova chance de bem viver.
Aquela revolução liderada pelos cabeludos de Liverpool foi o santo remédio que curou a alma do mundo daquela destruição insana.
Os adultos já haviam tentado consertar o mundo à sua maneira e se deram mal, era hora de deixar os jovens tresloucados tentarem seus métodos. Um sentimento de culpa tolhia os velhos padrões que inertes abriam caminho para os passos da revolução. Aquela guerra diferente, sem mortos e feridos, venceu e conquistou a antiga e cansada geração.
Começou como uma brincadeira, algo sem maiores conseqüências, coisa de jovens irresponsáveis, para se alastrar pelo mundo civilizado arrasando antigos conceitos, destruindo velhas ordens, mostrando ao mundo que a saída do holocausto existencial existia e se fizera presente.
Os Beatles fizeram o mundo esquecer as dores da guerra e o puxaram para o período de maior riqueza cultural que se tem noticia no século que passou. Sua musica, hoje imortal, apesar de simples, conduziu-nos a uma revolução de hábitos e costumes sem precedentes.
Era simples porque falava de sentimentos puros e juvenis e impunha a visão inconseqüente dos jovens sobre um mundo brutalizado pela violência da guerra.
Após os traumas de batalhas sangrentas nada melhor do que curtir a vida trancando-a num presente rico e alucinante, passado e futuro transformados em ficções  desbotadas de livros empoeirados.
Eis a grande lição dos Beatles, enterrar nossos mortos e cantar nossas dores transmudadas em sentimentos sublimes de amor e fé num mundo que se reconstruía.
Até que com o inicio de outra guerra, a do Vietnã alguém disse; “O sonho acabou”.
E aqueles jovens, que tinham os Beatles como seus ídolos e que antes tiravam acordes de guitarras tinham agora nas mãos outros instrumentos, não tão nobres.
 Metralhadores e fuzis tiravam o som desafinado dos infernos e o homem mostrava mais uma vez que não aprendera a lição, após um breve repouso os guerreiros “sem razão e sem bandeiras” voltavam a carga.
“Era um garoto que como eu amava os Beatles e Hollings Stones, não era belo, mas mesmo assim havia mil garotas sim. Por uma carta sem esperar fora mandado pro Vietnã. Sua guitarra não toca mais, mas um instrumento que sempre dá a mesma nota ratatata.”
Primeiro foi Lenom, agora Harrison. Onde quer que estejam que sua mensagem de um mundo de amor e paz continue a propagar aquela revolução que nos devolveu por um breve instante o bom senso e a alegria de viver.
Agora, aqueles revolucionários, estão a tirar seus acordes em guitarras celestiais e talvez defendendo a nossa causa diante dos julgadores do Armageddon. Quem sabe não seriam eles, os embaixadores destes pobres e insensatos mortais, que cá embaixo insistem em trocar os sons das “esferas” pelos trovejantes acordes dos canhões e das metralhadoras.   Que homens com Lenom e Harrison possam atravessar como um raio o abismo que nos separa , renascer das cinzas e renovar entre nós suas propostas de um mundo mais humano e solidário.



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