O Réveillon
é, sem duvida, uma data mágica. As promessas se renovam, os projetos de vida
para o próximo ano, são apregoados em meio aos drinks, fogos de artifício e guloseimas.
Como num passe todas as agruras e adversidades do ano que passou são deletadas
como arquivos mortos, e as dividas, por breve momento, esquecidas.
As
rusgas e desavenças se esvaem num forte e inebriante abraço e nos votos de
feliz ano novo.
O Réveillon
é aquele momento em que a generosidade humana atinge seu ápice, e a noção de
grandeza e brevidade da vida supera todas as mesquinharias e tramóias que deram
o tom nas relações do dia a dia, nesta doentia e acirrada competição, que a
sociedade de consumo nos induz.
Mas
na ressaca desta festa, no despertar moroso deste frenesi, a realidade se impõe
de forma dramática e às vezes dolorosa.
Logo
de manhã, os telejornais já se encarregam, sem dó nem piedade, desta tarefa de
nos avisar que o breve sonho acabou e que precisamos mergulhar o quanto antes
nesta realidade caótica.
Estradas
congestionadas, acidentes de transito, violência rotineira, contas a pagar,
impostos majorados, mortes, estupros, caixas eletrônicos explodidos (este é
recente), drogas, problemas domésticos, ambientes de trabalho estressantes.
E
as enfáticas promessas: parar de fumar, parar de beber, fazer aquele regime,
mudar de emprego, negociar dividas, começar cursos, dar aquela guinada na vida,
muitas delas ficarão para depois do carnaval, que segundo muitos, é quando o
ano começa de verdade no Brasil.
Estou
sendo pessimista? Pode ser. Mas o que faz com que o novo ano seja efetivamente
diferente do que passou? O ano novo não muda por si. A única coisa que pode
fazer esta diferença é nossa atitude com relação à realidade. Se não mudarmos
esta atitude tudo continuará como “dantes no quartel de Abrantes”.
O Réveillon
pode ser o momento em que nos enganamos com falsas promessas, e com base nelas
mergulhamos sem culpa em nossos vícios, ou antes pode ser o ponto de ruptura
com antigos e nefastos hábitos, quando assumimos um compromisso realista e
maduro com um projeto de vida que vale a pena ser trabalhado.
Se
o ano velho se foi e o novo chegou, só uma atitude corajosa, positiva e
otimista pode fazer a diferença na hora de cumprirmos nossas promessas de realização
e mudança.
Fora
isto, estaremos nos enganando e arrastando para o ano novo todos e velhos e
graves problemas que nos afligiram no passado. E para mudarmos de verdade
podermos fazer o nosso Réveillon particular em qualquer dia do ano e em
qualquer hora do dia. Basta querer...já que querer é poder.
João Drummond
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