Academias
de Letras tradicionais sempre foram sinônimos de inteligência em letras,
habilidades literárias, maestria com a linguagem e as palavras, superioridade
linguística, autoridade sobre questões que envolvem concursos, e eventos
literários, etc.
Mas
é também um espaço de tradição, conhecimento estacionário, com enorme aversão
ao novo e as mudanças. Muitas vezes estas autoridades se revestiam de forma
arrogante e prepotente, incapazes de se abrir as mudanças e inovações,
introduzidas pelas novas tecnologias da informação.
Muitas
destas Academias se transformaram em castelos ou igrejas, onde se postavam seus
eméritos condes e bispos, com fardões emplumados, defendendo até as ultimas
conseqüências bandeiras e valores que já não tem mais significado nos tempos
atuais.
Quando
falei as alguns destes acadêmicos sobre as possibilidades que se apresentavam
aos novos autores nas publicações de livros sob demanda, muitos torceram os
narizes, às vezes sem se dignar a dar uma resposta, ou quando muito,
perguntando qual seria a relevância deste ou daquele autor e de sua obra para
ousar publicar um livro.
Para
estes venerandos, era o máximo da ousadia e do atrevimento, qualquer pessoa, cidadão
comum, querer, sem suas benções, se intitular autor, inda mais publicar (sic),
um livro.
As
Academias tradicionais criaram elites que se encastelaram como senhores do
saber e do conhecimento, formando irmandades fechadas com poder de nomear
valores e denunciar farsantes conforme seus próprios padrões internos.
As
publicações tradicionais de livros prosperaram durante muito tempo, com uma
formula nada democrática: Autores com algum talento e dinheiro para bancar uma
publicação de milhares de exemplares, ou com acesso via projetos culturais, às
verbas publicas, que conseguiam alcançar as grandes livrarias e as mídias
especializadas.
Hoje
estas academias se vêem cada vez mais vazias e desprovidas de propósitos, já
que seus modelos só atraem autores em fim de jornada, que por força inercial
insistem em propostas que deram certo no passado.
Não
conseguem mais motivar e dar sustentação aos projetos literários que nascem
sobre a nova égide.
Devemos
dar nosso reconhecimento e prestar homenagens a estas academias, que cumpriram
seu papel na defesa e evolução do ideal literário. Sem elas não chegaríamos ao
atual modelo.
Hoje
elas passam o bastão para as academias virtuais e as redes sociais
especializadas, onde a cada dias milhares de novos valores se formam, na arte
da escrita, ao sabor das novas tecnologias que são colocadas a serviço.
Nesta
diversidade existem autores para todos os gostos e desgostos. A arte da escrita
não evolui apenas com publicações de gaveta. O autor precisa, em algum estágio,
colocar sua escrita a apreciação de terceiros, para que com seu feed back possa
aperfeiçoá-la e crescer como autor.
Se
as velhas academias estão minguando e perdendo espaço, como aconteceu com as
antigas monarquias, o ideal literário encontra guarida nas comunidades e
editoras virtuais como Recanto das Letras, Autores.com, Overmundo, Bookess,
Agbook, Clube de Autores, só para citar algumas, onde novos autores se formam a
uma velocidade astronômica. É só observar em atualizações de paginas, para se
perceber que suas obras crescem por segundo.
Nestes
espaços os autores podem postar seus textos, corrigi-los e colocá-los a apreciação
de terceiros, para criticas ou elogios.
Não
podemos afirmar, sem o risco de nos tornamos tão arrogante quanto, que as
Academias de Letras tendem a extinção. Mas é cada vez mais evidente que seus
propósitos vêem mudando, e elas devem que se adaptar aos novos tempos para não
desaparecerem de vez.
Com
a incorporação das novas tecnologias podem atrair jovens talentos, e os
formatos de reuniões, podem ser modificados para cooptar de maneira espontânea
os amantes da literatura. Talvez eventos festivos e de lazer consigam esta
façanha. Em lugar de lutar contra, e competir com esta nova ordem, estas
Academias podem aderir e se valer dela, para continuar existindo e crescendo
como espaço de criação e defesa da arte literária.
João Drummond
Bom esse texto, João Drummond. Com o passar do tempo bons escritores foram percebendo que certas academias não passam de agremiações blindadas numa tentativa erma de excluir e, contraditoriamente, zelar pelas belas letras(algo absolutamente pueril no Século XXI). A juventude, essa que surgiu no final do Século XX, busca algo mais fluente, menos empoado, algo que comunga mais e poda menos ou a busca por uma linguagem que não caiba nas estantes ou em jaquetões térmicos que destoam do tropicalismo. Vejamos um exemplo destoante: a Google trabalha com a criatividade e dispensa rituais protocolares(nem por isso deixam de ser brilhantes). Por outro lado, a sociedade de castas como nós a conhecemos precisa dos bastiões institucionais tão enraizados nos últimos séculos para fazer jus às ações "históricas" e à "perpetuação" de legados.Bem, o império egípcio, tão bem estruturado não imaginava o quão pueril tudo se tornaria. O que é o Egito hoje, senão um povo com uma história rançosa que os jovens não querem perpetuar.
ResponderExcluirEnfim, tudo isso fica no terreno da especulação. Escritores continuarão escrevendo, best-sellers seguirão best-sellers e tribos continuarão tribos até que o inesperado promova a subversão. Queira me desculpar pelos erros absurdos da língua materna. Eu não submeti esse texto a um site chamado "Um Português". Muito bom, diga-se de passagem (risos).