27 de mai. de 2013

Sou Pássaro de Fogo (crônica)



Abílio Pacheco - www abiliopacheco com br

O título poderia ser "impossível não se apaixonar por Paula Fernandes". O leitor já deve ter percebido que sou meio avesso a títulos longos. Talvez já tenha percebido que procuro e prefiro os curtos e inusitados. Mas eu não sou pássaro de fogo. O título - o leitor que ouve rádio, assiste TV e aquele que gosta de música sertaneja já deve ter percebido - o título é um verso de uma das canções interpretadas por Paula Fernandes.
A cantora foi vista por mim pela primeira vez - e acredito que pela primeira vez por muitos - no show de fim de ano de Roberto Carlos (em 2010) (foto) e nos incessantes e saturantes noticiários televisivos. Falar dos dotes físicos da moça seria repetir o que o leitor já ouviu. Seria também trazer para esta página o apelo da sensualidade já tão banalizado por aí. Seria, então, fugir do propósito dessas crônicas: oferecer ao leitor algo só encontrado aqui.
Meu segundo contato com a apaixonante Paula, muito embora eu a tenha escutado antes sem dar muita trela, foi depois que publiquei "sertanojo" - crônica que provocou reações afetivas e exageradas favoráveis e contrárias além de muitos comentários bem equilibrados. Meus bons leitores entenderam que eu gosto do sertanejo de raiz, tenho aversão ao tal romântico sertanejo e considero esses meninos universitários bons, só não são sertanejos. E foram exatamente os leitores que sugeriram alguns nomes para eu ouvir com atenção. Dentre esses, a Paula (agradeço especialmente a leitura Letícia de Sumaré-SP por esta sugestão preciosa).
Que Paula canta e encanta é frase gasta e pouco original, mas é verdade. Ela se agarra a um violão enorme, que deve ter uma largura maior que os seus quadris (foto) (foto), e dedilha como se não estivesse fazendo nada demais; as mãos parecem imóveis. Atrás do microfone, os lábios ficam escondidos e soltando aquele vozeirão meio grave – quase uma neo-roberta Miranda (foto). Enquanto canta os olhos parecem namorar com um público apaixonado que raramente é o que está atrás das câmeras (Paula pouco olha para a câmera). Durante os arranjos, quem a assiste tem um dos mais intrigantes presentes: Paula se afasta do microfone, o mesmo olhar de namorico, porém mais acesso direcionado à platéia, e abre um sorriso de menina peralta inocente que acabou de fazer uma traquinagem (foto). O contraste desse seu sorriso (um dos maiores da TV brasileira e que faz lembrar o sorriso de Julia Roberts) com sua seriedade enquanto canta parece dizer: É minha mesma esta voz? Sou eu mesma quem está cantando?
A meiguice modesta desse olhar "dollyente" já bastaria para ser impossível não se apaixonar por Paula Fernandes, cujo brilho musical aparece com um poderio arrasador (pouco explorado por mídia, gravadora e ou por ela mesma) em suas composições autorais, as quais apresentam um valor supra-sertanejo.
Esse olhar, entretanto, é apenas um toque discreto de arremate no muito mais que é esse canoro pássaro de fogo... Eu tenho certeza que o leitor me entende.

Belém/Campinas, 10 de maio de 2013.

Abílio Pacheco, Professor universitário, escritor de prosa e verso, revisor de textos e organizador de antologias. Mestre em Letras (UFPA) e doutorando em Literatura (THL-UNICAMP). Autor do romance “Em Despropósito (mixórdia)”, do livro de poemas “Canto Peregrino a Jerusalém celeste”, mais dois livros de poemas, participante e organizador de várias antologias literárias. É membro correspondente da Academia de Letras do Sul e Sudeste Paraense (com sede em Marabá), Cônsul dos Poetas Del Mundo para o Estado do Pará, Embaixador da Paz pelo Cercle Universal des Ambassadeurs de la Pax (Genebra-Suiça) e faz parte da AVSPE.

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