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O título poderia ser "impossível não se apaixonar por Paula Fernandes". O leitor já deve ter percebido que sou meio avesso a títulos longos. Talvez já tenha percebido que procuro e prefiro os curtos e inusitados. Mas eu não sou pássaro de fogo. O título - o leitor que ouve rádio, assiste TV e aquele que gosta de música sertaneja já deve ter percebido - o título é um verso de uma das canções interpretadas por Paula Fernandes.
A
cantora foi vista por mim pela primeira vez - e acredito que pela primeira vez
por muitos - no show de fim de ano de Roberto Carlos (em 2010) (foto) e nos
incessantes e saturantes noticiários televisivos. Falar dos dotes físicos da
moça seria repetir o que o leitor já ouviu. Seria também trazer para esta
página o apelo da sensualidade já tão banalizado por aí. Seria, então, fugir do
propósito dessas crônicas: oferecer ao leitor algo só encontrado aqui.
Meu
segundo contato com a apaixonante Paula, muito embora eu a tenha escutado antes
sem dar muita trela, foi depois que publiquei "sertanojo" - crônica
que provocou reações afetivas e exageradas favoráveis e contrárias além de
muitos comentários bem equilibrados. Meus bons leitores entenderam que eu gosto
do sertanejo de raiz, tenho aversão ao tal romântico sertanejo e considero esses
meninos universitários bons, só não são sertanejos. E foram exatamente os
leitores que sugeriram alguns nomes para eu ouvir com atenção. Dentre esses, a
Paula (agradeço especialmente a leitura Letícia de Sumaré-SP por esta sugestão
preciosa).
Que
Paula canta e encanta é frase gasta e pouco original, mas é verdade. Ela se
agarra a um violão enorme, que deve ter uma largura maior que os seus quadris
(foto) (foto), e dedilha como se não estivesse fazendo nada demais; as mãos
parecem imóveis. Atrás do microfone, os lábios ficam escondidos e soltando
aquele vozeirão meio grave – quase uma neo-roberta Miranda (foto). Enquanto
canta os olhos parecem namorar com um público apaixonado que raramente é o que
está atrás das câmeras (Paula pouco olha para a câmera). Durante os arranjos,
quem a assiste tem um dos mais intrigantes presentes: Paula se afasta do
microfone, o mesmo olhar de namorico, porém mais acesso direcionado à platéia,
e abre um sorriso de menina peralta inocente que acabou de fazer uma
traquinagem (foto). O contraste desse seu sorriso (um dos maiores da TV
brasileira e que faz lembrar o sorriso de Julia Roberts) com sua seriedade
enquanto canta parece dizer: É minha mesma esta voz? Sou eu mesma quem está
cantando?
A
meiguice modesta desse olhar "dollyente" já bastaria para ser
impossível não se apaixonar por Paula Fernandes, cujo brilho musical aparece
com um poderio arrasador (pouco explorado por mídia, gravadora e ou por ela
mesma) em suas composições autorais, as quais apresentam um valor
supra-sertanejo.
Esse
olhar, entretanto, é apenas um toque discreto de arremate no muito mais que é
esse canoro pássaro de fogo... Eu tenho certeza que o leitor me entende.
Belém/Campinas,
10 de maio de 2013.
Abílio
Pacheco, Professor universitário, escritor de prosa e verso, revisor de textos
e organizador de antologias. Mestre em Letras (UFPA) e doutorando em Literatura
(THL-UNICAMP). Autor do romance “Em Despropósito (mixórdia)”, do livro de
poemas “Canto Peregrino a Jerusalém celeste”, mais dois livros de poemas,
participante e organizador de várias antologias literárias. É membro
correspondente da Academia de Letras do Sul e Sudeste Paraense (com sede em
Marabá), Cônsul dos Poetas Del Mundo para o Estado do Pará, Embaixador da Paz
pelo Cercle Universal des Ambassadeurs de la Pax (Genebra-Suiça) e faz parte da
AVSPE.
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