Uma dirigente escolar foi apontada como a responsável pela
distribuição de um poema erótico a alunos da 5ª série do ensino fundamental da
cidade de Santa Luzia, situada na região metropolitana de Belo Horizonte. O
caso levou alguns pais de alunos a procurarem a direção da escola municipal
Jaime Avelar de Lima, situada no bairro Bom Destino.
Conforme T.T. C, irmã de um aluno e que pediu para não ser
identificada, o fato ocorreu no dia 28 do mês passado, quando o conto teria
sido retirado de uma página na internet e cópias teriam sido feitas.
O texto intitulado "Ciuminho Básico" da poetisa
mineira Ana Elisa Ribeiro traz palavras populares atribuídas a partes íntimas
do corpo humano.
Segundo a irmã do aluno, a folha contendo o texto foi colada
nos cadernos dos estudantes, que supostamente foram orientados a fazer em casa
um exercício sobre ele. "Uma das mães viu o caderno do filho dela e ligou
para a minha mãe alertando sobre as palavras chulas que estavam escritas nele.
Quando eu li o texto, fiquei horrorizada", disse a jovem.
Ainda de acordo com a irmã, alguns pais procuraram a direção
da escola e supostamente teriam sido orientados a 'abafar' o caso. “É um
absurdo isso ter sido entregue a crianças de 10 anos”. Nós ficamos horrorizados
ainda mais por saber que as crianças leram o poema em voz alta dentro de sala
de aula. Alguma punição os responsáveis têm que ter', disse.
O irmão de T.T. C disse a ela que ficou assustado com o teor
do poema e por ele ter sido distribuído dentro da escola onde estuda. "Ele
ficou bastante assustado e sem entender o motivo pelo qual a escola estava
dando aquele tipo de atividade", afirmou.
Em nota, a Prefeitura de Santa Luzia informou que será
instaurado um processo administrativo disciplinar "para apuração de
responsabilidades e eventual demissão da servidora", que não teve o nome
divulgado.
Ainda de acordo com o texto, a instauração do processo poderá
resultar, com base na avaliação da comissão disciplinar, no "afastamento
provisório da servidora".
Ciuminho Basico
escuta
calado
a proposta rude
deste meu
ciúme:
vou cercar tua boca
com arame farpado
pôr cerca elétrica
ao redor dos braços
na envergadura
pra bloquear o abraço
vou serrar teus sorrisos
deixar apenas os sisos
esculhambar com teus olhos
furá-los com farpas
queimar os cabelos
no pau acendo uma tocha
que se apague apenas
ao sinal da minha xota
finco no cu uma placa
"não há vagas, vagabundas"
na bunda ponho uma cerca
proíbo os arrepios
exceto os de medo
e marco no lombo, a brasa,
a impressão
única do meu dedo.
ANA ELISA RIBEIRO
Ana Elisa Ribeiro nasceu em Belo
Horizonte, capital de Minas Gerais, em 1975. Graduou-se em Letras, língua
portuguesa, e desenvolve tese de doutoramento sobre a formação de leitores de
textos na Internet. Publicou Poesinha (Poesia Orbital, 1997) ePerversa (Ciência
do Acidente, 2002), além de minicontos e poemas em revistas e jornais, no
Brasil e em Portugal. É cronista do site Digestivo Cultural (www.digestivocultural.com)
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