“Quarenta
dias no deserto, quarenta anos.” É o que diz (ou escreve) Alice, a narradora de
Quarenta dias, romance magistral de Maria Valéria Rezende, ao anotar num
caderno escolar pautado, com a imagem da boneca Barbie na capa, seu mergulho
gradual em dias de desespero, perdida numa periferia empobrecida que ela não
conhece, à procura de um rapaz que ela não sabe ao certo se existe.
Alice
é uma professora aposentada, que mantinha uma vida pacata em João Pessoa até
ser obrigada pela filha a deixar tudo para trás e se mudar a Porto Alegre. Mas
uma reviravolta familiar a deixa abandonada à própria sorte, numa cidade que
lhe é estranha, e impossibilitada de voltar ao antigo lar. Ao saber que Cícero
Araújo, filho de uma conhecida da Paraíba, desapareceu em algum lugar dali, ela
se lança numa busca frenética, que a levará às raias da insanidade.
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