24 de jun. de 2023

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7 de abr. de 2023

No Reino da Fake News

 


Era Uma Vez... No Reino das Fake News...

 

“Advertência Este conto é baseado em uma história real e qualquer semelhança não é mera coincidência”.

Era uma vez... há muito, muito tempo...

Em Brasileia a mentira e a hipocrisia corriam soltas, de mão dadas pelas vilas e campos do reino.

Havia um decreto no Reino que: quem propagasse Fake News sofreria as duas penas da lei. Ninguém sabia quem o promulgara, mas mesmo assim ele existia. Ficara a cargo do conselheiro/xerife Xandrim, a definição sobre quais mentiras seriam Fake News, quem as cometia, e quem pagaria caro por elas. É claro que este crime e suas penas só recaiam sobre adversários políticos de Xandrim, ou mesmo quando lhe desse na telha, baseado tão somente em sua antipatia pessoal.

O príncipe herdeiro Loola, esperado quando assumisse o trono, como o rei sábio e pacificador, por alguma estranha magia se transformara em um sapo barbudo rancoroso, vingativo, e afim de fuder com todos que, no passado contribuíram de alguma forma para a sua prisão por corrupção contra a Coroa Real.

O pânico se espalhava pelo reino, já que por esta mesma magica funesta, a picanhan, principal produto da economia real, base do sistema alimentar interno e de exportação estava se transformando nos campos de plantio em aboboras, que em Brasileia era utilizada para a alimentação das suas enormes criações de suínos.

Começava a sobrar comida para os porcos e faltar para as pessoas. Isto era um problema já que no Reino os porcos eram considerados sagrados e receptores das encarnações de seus súditos que deixavam este mundo, para o mundo dos mortos.

O príncipe Loola, de descendência camponesa, fora alçado ao trono por meio de uma ampla aliança entre grupos que sempre foram antagônicos no Reino, mas que se uniram para depor o antigo Rei, que derrubara seus privilégios e sua mordomias.

Este consorcio imaginara que ao assumir, o Rei Loola, implementaria um reinado de equilíbrio e prosperidade, dividindo o poder entre seus apoiadores, pelo critério de competência e conhecimento.

Ao contrário disto, dispensou seus aliados de ultima e impôs um reinado de terror e opressão, colocando em postos chaves, antigos aliados, não pelo critério de competência, mas de fidelidade a ele exclusivamente, é claro.

As pessoas se perguntavam, onde estava aquele antigo rei que outrora governara com moderação e competência, mas que hoje aparecia como este indivíduo, falastrão e raivoso levando o Reino a beira do caos?

As forças militares haviam sido colocadas em quarentena dentro dos quarteis, em trabalhos banais e medíocres, para impedir que interferissem no projeto de poder tirânico que fora colocado em curso, pelo Rei e seus fiéis aliados.

A tensão aumentava exponencialmente no Reino, com aumento de crimes de toda natureza, aumento de doenças, redução da produção dos campos e pelas ameaças que vinham das fronteiras.

O Reino estava à beira da derrocada e corria a boca pequena que o Rei Loola estava ficando louco. Está claro que isto tinha que ser desmentido todo dia pelos arautos que percorriam os povoados, os campos e as vilas.

Baixou-se um decreto que: quem fosse flagrado propagando tais “mentiras” iria direto para o calabouço, seus bens seriam confiscados e seus familiares banidos.

Segue...

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

30 de ago. de 2020

Esquerdalho e Direitoncio no Motel. (Ou Discurso diferente – Mesma sacanagem)


 

Direitoncio e Esquerdalho são amigos de infancia. Sua relação é morbida e doentia. Vivem brigando mas não largam a companhia do outro. Não se suportam, mas tambem não conseguem viver sem o outro. Acham que a vida fica muito monotona sem as tretas nas rede sociais.

Certo dia, Direitoncio conheceu uma garota no barzinho, e logo se sentiu atraido por ela. Moça simpatica, bem falante, moderninha.

̶  Como voçe se chama?

̶  Fofinha Danadinha.

Depois de alguns drinks convidou a garota para sairem para um lugar mais reservado e aconhegante e para sua supresa ela gasgou o verbo.

̶  Demorou. Conheço o motel otimo.

E assim seguiram para a saida da 040. Depois de alguns birinaites, cigarros e trepadas, conversa vai, conversa vem, a garota revelou que era casada.  Até ai tudo bem para Direitoncio. Era até melhor porque, saindo dali, cada um por si e a vida continua.

O capeta da curiosidade não falha e Direitoncio quis saber:

̶  Quem é mesmo o felizardo do seu marido?

̶  É o Zé Fidencio da Cervejaria Baker.

Direitoncio tomou um susto.

̶  Puxa vida. Um grande amigo da faculdade.

̶  Que azar do Zé, (disse a nossa Fofinha). A cervajaria fechou, sem emprego e nós aqui botanto um chifre nele, do tamanho do pirulito da Praça Sete.

Ao que Direitoncio retrucou:

̶  Realmente lamentavel, Apesar da liberdade de imprensa, do direito da livre iniciativa, do direto de posse de armas e do respeito a propriedade privada, etc, etc, já que estamos aqui, vamos continuar com nosso trato. Afinal nós não sabiamos, e amigos, amigos, negócios a parte. Vamos fazer um brinde ao Zé.

E assim foi noite adentro. Um brinde ao chifrudo e uma trepada até o sol raiar.

Na semana seguinte a nossa Fofinha conheceu no mesmo barzinho o Esquerdalho.

A história aqui ser repetiu em parte e não vamos cansar nosso leitor com os detalhes.

Chegamos aqui na parte em que Fofinha Danadinha revela que é esposa do Zé Fidencio, e que coincidencia danada. Esquerdalho tambem foi amigo de faculdade do Zé.

̶  Nossa que susto. Nós traindo aqui meu grande amigo.

̶  O Zé não se emenda. Tem vocação pra corno. (disse Fofinha).

E a partir dali foi uma choradeira só.

Esquerdalho falou da desqualdade social, do regime opressor do trabalhador, da revolução das massas, o direito das minorias, da democracia e justiça etc, etc.

E entre goles de cerveja, pedaços de mordatela e lamentos em homengem a Zé, a noite correu movimentada no motel. Era uma chorada e uma trepada.

Quando o sol raiou Fofinha Danadinha, filosofou bem ao estilo dos poetas de bordel.

̶  Que coisa estranha. Esquerdalho e Direitoncio tem um discurso diferente e até oposto, mas na pratica a sacanegem é a mesma.

 

João Drummond

 

 

1 de abr. de 2020

Debates Políticos/Ideológicos Em Familia São Produtivos e Saudáveis?


Algumas pessoas vão se lembrar quando, em um debate no Roda Viva, uma reporter, (Tati Bernadi), colocou uma questão a treis filósofos/pensadores brasileiros, (Mario Sergio Cortella, Leandro Karnal e Luiz Felipe Pondé sobre como ela poderia perdoar o pai por ter votado num candidato que ela repudiava radicalmente.

O tema era exatamente sobre um livro publicado a treis mãos que versa sobre o perdão.

As respostas dos treis convergiram em tese para uma direção:
1 – O perdão é um ato pessoal e de natureza intima.
2 – Não é possível se cobrar perdão de uma pessoa que não acredita ter ofendido alguém.
3 – Aquela pessoa a quem se cobrava perdão poderia estar pensando a mesma coisa, qual seja como perdoar aquele familiar que votou em um candidato que ela mesma rejeitava.
A sociedade brasileira se radicalizou de alguns anos para cá em questões político/ideológicas e esta divisão atingiu em cheio o seio das famílias.
A pergunta pertinente é: Seria produtivo e saudavel o debate de temas polêmicos no ambiente familiar? Comecei a me fazer esta pergunta de forma mais incisiva depois de uma experiência pessoal e familiar.
A conclusão que cheguei é que estas rusgas são desagregadoras e improdutivas, não mudam as opiniões das pessoas e criam ambientes de animosidade e ressentimentos difíceis de serem superados.
Depois de alguns fins de semanas que poderiam ter sido salutares e que foram destruídos por opiniões radicalizadas, propus uma regra simples em familia, qual seja que nós evitássemos debates e provocações sobre temas polêmicos quando em reuniões familiares.
O resultado foi que aquelas reuniões se tornaram mais agradáveis e salutares na medida que as armas foram sendo baixadas e os cantos de guerra cederam lugar a debates mais racionais e equilibrados.
O que eu acredito é que as pessoas podem e devem ter, como cidadãos opiniões políticas e ideológicas e expressar isto claramente em redes sociais, mas preservar os grupos familiares destes debates por um bem maior que é a harmonia e a boa convivência familiar.
Não se trata aí de se tornar hipócrita ou falso no trato com as pessoas, mas sim de nos valermos de uma conduta mais moderada e madura que admite colher no seio do grupo o espaço de tolerância à crenças e opiniões diferentes, sem esta radicalização que é destrutiva do tecido social.
Os grupos de wattsapp se tornaram extensão dos ambientes familiares já que podem ser restritos e com propósitos pré-definidos.
É claro que não se pode também querer suprimir das pessoas o direito de se expressarem e desabafarem nestes ambientes virtuais já que eles encurtam distancias e podem aproximar as pessoas de forma instantânea.
O problema é quando estes grupos estão dominados por conselhos de famílias dominantes que se expressam de qualquer forma, sem os devidos cuidados na linguagem adjetivando pessoas e grupos que pensam diferente, de forma grosseira e radical.
Estes grupos acabam por se tornar num poço de negatividade e ressentimentos que em nada contribuem para o estado de ânimo de pessoas que precisam acreditar e trabalhar por uma realidade futura de melhor qualidade.
Esta realidade se nos impõe com toda a força em nosso cotidiano. É diante desta realidade que precisamos encontrar meios e forças para trabalhar, estudar, usar de nossos talentos numa construção coletiva, imperfeita e sempre inacabada que chamamos futuro.
Uma solução para a preservação destes grupos familiares de wattsapp seria talvez a formação de subgrupos de pessoas que comungam ideias e pensamentos parecidos, que podem continuar se retroalimentando sem contaminar o grupo principal.
A verdade é que estamos vendo pessoas que conviveram juntas uma vida inteira, passarem a se estranhar e desconfiar entre si, como se fossem membros de tribos antagônicas sempre preparadas para uma guerra iminente.
Só que agora o inimigo é comum a todos nós e muito mais perigoso do que opiniões contrarias.
                                                                     João Drummond


19 de mar. de 2020

O Mundo vive duas Pandemias – A do Corona Vírus e a da Insensatez


Ha quem acredite que há males que vem para bem. Há controvérsias, é claro. Vivemos a Era das controvérsias, das fake News, do “eu acho”, dos “especialistas de plantão”. Tivemos notícias do Corona vírus pela primeira vez na China, por isto muitos o chamam de vírus chinês. Os chineses protestam.
Pouco se sabe a seu respeito, a não ser do seu poder devastador para a saúde das pessoas e da economia. Muitas teorias da conspiração surgem a cada dia a este respeito: “Foi um vírus criado artificialmente pela China ou pelos EUA como arma viral de uma guerra mundial moderna, para alterar os paradigmas da economia global”, “surgiu pelo consumo de carne de morcego ou macaco”. A verdade é que o Corona (ou COVID 19) veio para se tornar o centro e unanimidade de um debate intenso que atinge o cerne de um modelo de sociedade globalizada e em franca decadência.
Uma sociedade onde a incoerência e a insensatez tem sido uma regra em que prosperam valores como a futilidade, o supérfluo, a aparência, em detrimento da evolução cultural e social da espécie.
O pequeno ser, só visível em microscópios, derruba Bolsas, quebra economias, fecha comércios, muda enfim alguns hábitos consolidados na sociedade de consumo e informação.
Ainda estamos vendo sinais destes valores a prosperar na esteira de debates surreais de viés ideológico, onde cada certeza absoluta é derrubada no dia seguinte como mais uma queda história das Bolsas.
“Quem bate panela mais alto, qual grupo conseguiu juntar mais batedores de panelas, qual autoridade ou personalidade quebrou a quarentena médica e, portanto, merece ser punido com penas quase extremas”.
Seria ridículo e hilário estes debates em outros tempos, mas hoje chega a ser trágico, quando vemos pessoas que outrora se arrogavam como de bom senso, hoje sucumbirem à histeria e idiotice coletiva.
Pessoas que ainda não se deram conta de que, como seres racionais, precisamos buscar soluções serenas e objetivas para os problemas, e não ficar por aí, nas ruas e redes sociais, proliferando, a outra pandemia, esta sim mais grave e danosa: a da insensatez e da histeria coletiva.
Ontem o carnaval, o futebol, o movimento frenético das grandes cidades, e a seguir, não mais que de repente, informações descontroladas e desencontradas, ações irracionais e insensatas, baseadas no vai e vem das opiniões especializadas, que proliferam nas redes de comunicação de massa.
Faça isto ou faça aquilo, ou melhor faça o contrário disto ou daquilo, e as pessoas como uma horda de zumbis, vão se movendo cada vez mais para os abismos de suas loucuras, sem se dar conta de que acima de sua medula, no seio de sua consciência, na pureza de sua alma esta a verdadeira resposta para o caos.
Basta se acalmar, relaxar, deixar a natureza falar mais alto, que a resposta aparecerá cristalina. E pode ser que cheguemos a conclusão mais uma vez que “há males que vem para bem”. O Corona pode ser apenas mais um instrumento da natureza para que a humanidade tome juízo.

João Drummond




15 de jan. de 2017

A cidade da Solidão e as Tecnologias



TExto de Clarice Rodrigues
A cidade da Solidão e as Tecnologias
Adeline acorda tarde e se atrasa para o ônibus do trabalho. São nove horas da manhã do dia 20 de outubro de 2014 na cidade de Bornne (uma megalópole que cresce descontrolada e imperfeita) onde se observam muitos edifícios e poucas árvores, coisas simples e antagônicas... Os contrastes são realçados ao longo do tempo na arquitetura urbana: casas em estilo rústico em meio a uma imensidão de prédios modernos, assimétricos e sem nenhum estilo. Uma viela nitidamente torta se destaca paralela a uma avenida larga e retilínea. Ao lado de uma zona rica e gourmet sobressai uma grande paisagem mista de cortiços e becos.
Meses depois, ela apaga essas imagens de sua mente e já se acostumara com o lugar. É maio e seus sapatos de couro sintético, apertados, ainda correm tentando decifrar sinais e informações do espaço. No caminho, percebe que as pessoas de seu cotidiano não estão habituadas às trocas de olhares e saudações:
as cabeças abaixadas têm seus olhos fixos aos telefones móveis. Há um completo silêncio, mesmo nos horários mais movimentados. A pressa exacerbada, a sujeira visual, os rios poluídos e os odores desagradáveis das indústrias fazem Adeline pensar que isso tudo não incomodam mais... Teclam em demasia e são pouco sensíveis.
A cada ano que passa, ela se incomoda cada vez mais com esse formigueiro humano, a famosa “Sociedade Líquida” de Bauman. Nota os comportamentos sociais e prefere descrevê-los em um caderno ilustrado, não se importando muito com rascunhos.
Sente-se sozinha em um mundo onde estar conectado com milhões de pessoas distantes e se esquecer das mais próximas é algo aceitável. Acredita que os seres humanos da atualidade pretendem ser autossuficientes, donos de seus próprios apartamentos pequenos e, em sua maioria, com mobílias inóspitas de cores neutras. Adeline, por mais que tenha somente um bonsai não seria capaz de morar em uma dessas “caixas de sapato”. Não compartilha da ideia de corredores apertados, portas fechadas a fim de compactar e isolar angústias ou egoísmos.
Um dia, anotou em seu caderno que todos os seres vivos do universo constroem suas vidas sem saber ao certo como irão sobreviver ao tempo. Assim são com as caixas de mensagem que registram o imprevisível. A área de trabalho dos computadores e a memória dos celulares se entopem de arquivos que ilusoriamente têm a finalidade de proporcionar ao homem um espaço que gostaria de ocupar, uma falsa ideia de poder e de liberdade, irregularidades processuais e éticas refletem as vidas sociais.
De três em três meses, Adeline consegue ligar para a família. Seu salário é baixo, o custo de vida é alto e suas contas são variadas. Faz sempre um telefonema para seu pai, Purshat (afinal, quem quer saber se o próximo realmente está se sentindo bem não usa uma mensagem de texto.).
Desajeitada, volta à sua rotina e continua a observar a cultura de autoafirmação proporcionada pela tecnologia: a necessidade de ser feliz a todo instante mesmo que isso não seja verdade. Selfies e post’s combinam o real e o virtual através de olhos tristes e sorrisos forçados. Ela não se entrega, procura ser autêntica. Pressente que o mundo necessita de palavras reais que escapem do coração para
fora. De abraços sinceros, gargalhadas verdadeiras e demonstrações de afeto.
Mais do que de máquinas, precisa-se de humanidade. Mais do que de inteligência, precisa-se de afeição e doçura. Adeline presencia a autonomia da escolha, a liberdade do pensar e do sentir. Gosta de pisar em terras molhadas com os pés descalços, de ouvir melodias em volume alto e poder cantá-las, de viver intensamente sem precisar de julgamentos alheios porque soube pelo bom Chaplin que “a vida é uma peça de teatro que não permite ensaios.”.
Mantém-se firme e tem no peito a esperança de dias melhores; a paciência do amor, a supremacia da fé, o reclame da justiça e a insistência da determinação. Aprendeu no dia-a-dia a seguir viagem se orientando pelas estrelas, olhando sempre o melhor lado dos retratos sociais. Prefere viver em seus próprios sonhos e lutas porque acredita que não há ilusão mais gananciosa daquela qual se transformou o homem ao enclausurar-se na era da velocidade e das novas tecnologias.
Adeline é uma flor que nasce no asfalto, com
raízes fortes e profundas que perfuram a piche buscando vida em solos inférteis; proporcionando a luz necessária na imensidão das sombras que nos assola diariamente. Adeline é símbolo de resistência e determinação: são todos os homens trabalhadores de minas que lutam por dignidade. São todas as mulheres que buscam por justiça, livre-arbítrio e sensatez. São todas as crianças recém-nascidas na guerra que lutam pela própria sobrevivência.
Existe, sim, uma Adeline no fundo do coração de cada ser humano.
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23 de out. de 2016

Porque Escrevo



Porque escrevo?
Busco com a escrita
Quebrar a solidão
Que habita dentro de mim.
Um animal pré-histórico
Caminha em passos
Cambaleantes, pelos
Labirintos distorcidos da psiquê.
Ora em silencio medonho
Ora escancarando seu
Olhar tristonho.
Ora ainda berrando como
Uma fera faminta.
Sedenta de sangue
Ou de vinho tinto, sei lá...
A escrita chega e me acalma
Como um doce veneno.
Ou um remédio amargo.
Dormito então na caverna escura
Transformada agora na
Ultima defesa dos meus
Valores e pensamentos.
De minotauro ensandecido
A forma amorfa que
Desfalecida proclama
Seu derradeiro litígio.

João Drummond



21 de abr. de 2016

A Irmandade do Bode do Livro Brejolândia dos Cafundôs


A Irmandade do Bode


Tia Nicinha deixara um recado na minha secretária eletrônica: “Que eu comparecesse sem falta no sábado próximo à sede de Brejolândia, pois que o tio Arlindo precisava muito dos meus préstimos, para um assunto de relevada importância.”
Tão logo cheguei, a tia me encaminhou sem mais delongas, para a grande varanda que fica do lado do córrego das Antas.
Lá me deparei com um grupo de cavalheiros sérios e circunspectos, que conversavam à meia voz, sugerindo assunto de maior gravidade.
Alguns deles eram velhos conhecidos, como o Desembargador Gumercindo, o tio Maurilio, o primo Tadeu, seu Antonio da venda, professor Astromar Falcome, dentre outros.
Tio Arlindo fez apresentação dos outros senhores entre eles um tal de professor João Jorge Jaboatão.
Segundo o tio, o sujeito com um carregado sotaque baiano, era escritor, pensador e filosofo.
O Desembargador Gumercindo com ar grave pediu a palavra:
- Já que estamos todos aqui reunidos, podemos começar a nossa reunião. Como os senhores sabem a mãe Terra agoniza. Vitima indefesa da ação predatória do Homem, o nosso planeta pede socorro. Vou passar a palavra ao professor Jaboatão que conduzirá esta conferência.
O Professor pigarreou, tomou um gole de água e começou:
- Senhores, as atenções do mundo estão divididas hoje entre o Fórum de Davos na Suíça e o Fórum social de Porto Alegre, onde se discute o destino do Mundo. Por isto este é o momento ideal para realizarmos o Fórum Mundial de Brejolândia dos Cafundós. Estudos exaustivos me permitiram localizar o ponto mais energético da terra, onde qualquer operação de salvação deve efetivamente começar. Caros senhores Brejolândia é o umbigo do mundo e seu futuro depende deste pequeno e seleto grupo aqui reunido. Os senhores foram escolhidos a dedo para salvar o mundo.
Sem querer deixei escapar uma risada. O professor me fulminou com o olhar como se eu fosse um pernilongo. Pedi desculpas e ele prosseguiu.
- Estamos fundando aqui, hoje uma sociedade secreta que vai ter a nobre e difícil missão de salvar o planeta da destruição. Esta aberta a primeira sessão da Irmandade do Bode.
O primo Tadeu questionou:
            - Mas professor, porque do bode? Não poderia ser outro animal mais nobre?
O professou respondeu impaciente:
            - Você está equivocado meu jovem. O bode é o símbolo da energia potencial passiva. A imagem da sabedoria da ociosidade, paciência e sapiência. Vejam só o bode Jacó do seu tio Arlindo.
E apontou para o gramado lateral onde o velho Jacó se mantinha amarrado à cerca de arame farpado, mascando incansável seu chiclete de capim gordura.
E o professor continuava:
- Os senhores já ouviram falar na lei de Murphy. Murphy foi um pensador e filosofo escocês que propôs uma tese interessante. Segundo ele se alguma coisa tiver que dar errado com certeza dará. Por exemplo, quando o pão cai no chão quase sempre o lado da manteiga cai prá baixo. Ou quando você está numa fila a outra fila do seu lado anda mais depressa. Se você passar para a fila mais rápida a primeira começa a andar mais depressa. Entenderam?
O tio Maurilio emendou:
            - Entendi professor, por exemplo, se chover louras, vai cair um negão na nossa cabeça.
 - Não é bem isto Maurilio, mas você já começou a entender. Enfim a tese que eu defendo é que toda vez que o homem faz alguma coisa ele dá uma cagada e o mundo piora. A filosofia da nossa Irmandade vai fazer a única coisa que neutraliza a lei de Murphy, ou seja, não fazer nada, dando ao mundo a chance de se recuperar.
O Tadeu não se conformava com o animal símbolo da Irmandade:
            - Mas professor, o bode é um animal fedorento, com aquela barbicha indefinida e aqueles chifres virados para trás. Não podemos escolher um animal mais nobre?
            - Jovem Tadeu, o bode carrega o sagrado fedor do saber, aquela barbicha impõe respeito e os chifres prá trás nos mostram a saída da humanidade; o retrocesso.
Todos acabaram concordando com o professor para ver se ele liquidava com aquela lengalenga, e no final ele propôs:
- Nicinha... Vamos completar o nosso ritual de iniciação. Sacrifique o bode Jacó e faça uma buchada caprichada prá gente.
O tio Arlindo que se mantivera um bom ouvinte até então, se esquentou de vez com aquela proposta:
- Matar o Jacó... Nunca. Só sobre o meu cadáver.
Estava formada a discórdia até que lembrei a eles que, para quem queria salvar o mundo, estavam dando mal exemplo, e sugeri que se fizesse uma galinhada em lugar da buchada.
E a Irmandade passou aquela primeira noite traçando uma galinhada regada à cachacinha de produção caseira do sitio. Eu já estava gostando daquela ideia de salvar o mundo.

                        
         
            








12 de jan. de 2016

A importância da literatura na formação do cidadão

A função da literatura é formar a criança em um adulto capaz de enfrentar a vida. É na infância que a criança aprende a fazer suas escolhas, e uma boa literatura vai lhe dar sustentabilidade…

Formar leitores não é tarefa fácil. É preciso que família e escola trabalhem em conjunto. O interesse pela leitura deve ser estimulado desde a infância, na família, pois é a primeira instituição, seguida pela escola. Está previsto na Lei 8069, no Estatuto da Criança e do Adolescente, entre outros direitos, o direito à cultura. Infelizmente tanto família quanto escola tem falhado com esta obrigação. É preciso que a leitura também seja adequada à idade, envolvente para que desperte a magia, a curiosidade e o prazer por ler. Jogar os livros obrigatórios em uma mesa de sala de aula não é a melhor forma, ao contrário, a má vontade e a obrigatoriedade não geram prazer.

O hábito da leitura é um processo longo quando não criado na infância, e o que se vê em muitas escolas públicas é o descaso em relação à formação de leitores. Cabe aos pais e professores criar esse hábito, buscar os meios e as formas, ao invés da omissão, para despertar o interesse da criança e do adolescente. Segundo José Breves Filho “uma boa leitura restaura a dimensão humana e atua como um organizador da mente, nutrindo o espírito e aguçando a sensibilidade“. É dado mais valor à gramática do que ao pensamento do aluno. Eu já presenciei isso: um aluno escreveu uma história fantástica e teve nota baixíssima pela quantidade de erros de português. O professor deve ser sensível ao lado literário. Não que a correção gramatical não seja importante, mas é preciso valorizar para não deixar marcas profundas. Um bom exemplo de valorização é a obra de Ziraldo com “Uma professora muito maluquinha“.

O professor tem que ser um desafiador. Ensinar o aluno não só a ler, mas a escrever suas idéias, pensamentos, como no filme “Escritores da Liberdade“. Piaget diz que é na adolescência que o ser humano tenta dominar os elementos que lhe faltam para a razão adulta. Defendo a leitura como ponto de partida para uma vida adulta normal, prazerosa, na convivência com a sociedade. Saber driblar com as diferenças, pois a leitura transforma o indivíduo e sua possibilidade de escolha é bem mais racional. A função da literatura é formar a criança em um adulto capaz de enfrentar a vida. É na infância que a criança aprende a fazer suas escolhas, e uma boa literatura vai lhe dar sustentabilidade. Primeiro ela é ouvinte, e é perceptível o prazer que sente ao ouvir uma historinha, querendo participar. Quando aprende a ler, procura por conta própria a que lhe agrada. Na primeira fase os pais são responsáveis por este futuro leitor, e a preguiça de contar uma história pode ter resultados surpreendentes na vida adulta.

Se os pais se utilizarem da literatura, que é vasta, para o crescimento cultural e na formação de um cidadão, com certeza não estarão na adolescência de seus filhos em consultórios psiquiátricos, clínicas para drogados entre tantas outras desgraças. Um simples gesto transformador (que é o de contar uma história, mostrar o caminho da literatura e transformá-lo num leitor) pode ser crucial na formação do filho. Vejo na literatura um remédio para uma sociedade doente como é a nossa. Um remédio natural, e sem contra indicações, que deve ser oferecido à criança com prazer e dedicação. Jamais como obrigação, pois a literatura é indispensável para o desenvolvimento.

É urgente a necessidade de uma nova proposta de ensino de literatura nas escolas, além de banir de vez o sistema arcaico, de leituras impostas. Descobrir o que o aluno quer ler é fundamental, pois cada leitor é único em suas experiências. É na literatura que tudo é permitido. Se você ama seu filho, faça com que ele seja um leitor. A criança é como uma esponja: dependendo do que apresentarmos a ela é que será o que vai absorver: “água suja ou água limpa”.

A IMPORTÂNCIA DA LITERATURA NA FORMAÇÃO DO CIDADÃO, pelo viés da colaboradora Marielsa Klatter Braga. Marielsa é advogada e escritora e em breve lançará um livro intitulado “Violino Vermelho”.



10 de jan. de 2016

Tem político... E tem gente


Tem político que mente...
Tem político que rouba...
Tem político que bebe...
Tem político que cheira...
Tem político que mente e rouba...
Tem político que mente, rouba e bebe...
Tem político que mente, rouba, bebe e cheira...
Tem político que diz “não sei”...
Tem político que diz que nem estava lá...
Onde está o político que trabalha?
Onde está o político que cumpre promessas... de campanha?
Onde está o político que faz pelo povo, e para o povo?
Assim não há reforma política que resolva.
Tem que haver uma reforma na geração de políticos...
Qual é o pior ou pior do pior?
Assim fica difícil até discutir política.
Que diria votar nas próximas eleições.
Nós brasileiros estamos é lascados...
Porque tem gente que mente...
Tem gente que rouba...
Tem que bebe...
Tem gente que cheira...
E tem gente que vota nestes políticos.
Como esperar que os representantes do povo sejam diferentes...
No povo que os elege!
Ou seja, alem de tudo a culpa desta política também é nossa.

João Drummond




30 de dez. de 2015

Feliz 2016


Secretaria Municipal de Cultura e Juventude de Sete Lagoas celebra ações realizadas em 2015

Cultura: reforçando valores, abrindo espaços e fortalecendo os talentos de nossa terra.


No ano que chega ao fim em poucos dias, a cidade viu sua cultura florescer e multiplicar frutos com muita arte, música, folclore, teatro, dança e valores que agregam à cidade, à sua história e seu cotidiano.

Um período que vem se fortalecendo como um importante marco na vida artística da cidade e na trajetória dos diversos grupos e áreas artísticas mostra como a dedicação e empenho, aliados à união podem construir uma cultura sólida e crescente, e promete ainda muita alegria e arte para os tempos que virão.

Com o apoio irrestrito e empenho de toda a equipe da Secretaria Municipal de Cultura e Juventude, a Prefeitura de Sete Lagoas possibilitou, com investimentos superiores a 1,5 milhões, a realização mais de 300 atividades ao longo do ano, incluindo os eventos ocorridos em parceria com varias instituições educacionais e culturais, dentre os quais se destacam, a III Virada Cultural, Semana do Trabalhador, a Feira da Paz, o Festival da Vida, o 28º Inverno Cultural da UFSJ, o 2º Festival de Inverno de Sete Lagoas que homenageou a poetiza e professora sete-lagoana Mariza da Conceição Pereira, a 2ª Temporada de Teatro de Sete Lagoas, a semana do Folclore, Festa da Serra, Minas ao Luar, Palco 2 na Exposete, Prêmio de Musica de Minas Gerais e como não poderia deixar de citar o Carnaval, que foi a mais legítima mostra de alegria, organização e harmonia proporcionando uma festa que alegrou a todos os públicos.

Encerrando as atividades do ano de 2015, o lançamento oficial e apresentação dos trabalhos do período de avaliação de viabilidade, a Escola de Artes e Humanidades de Sete Lagoas, mostrou a que veio e promete levar arte e cultura a cada canto da cidade. Com aulas de teatro, dança contemporânea, cerâmica, grafitti, violão, flautas, canto coral, confecção de figurinos, alegorias e adereços, resgate das tradições folclóricas e banda de música, cerca de 250 alunos de todas as idades foram diretamente impactados e lotaram o auditório da Casa da Cultura no ultimo dia 17/12, em duas sessões para apresentarem as construções executadas nos quatro meses de atividades. Motivo de muito orgulho para pais, alunos, professores e comunidade artística local.

Durante doze meses, grupos de teatro, dança, músicos e escritores, levaram o nome de Sete Lagoas a outras paragens, mostrando o talento e competência dos artistas de nossa terra, e em outras oportunidades, a cidade pode receber em seu solo nomes internacionalmente conhecidos.

A Galeria Myralda e João Fernandino Jr, até o mês de fechamento do ano contabilizam juntas 31, exposições, sem contar as mais de 270 atividades de artes integradas, teatro, cinema, circo, que ocuparam varias praças e espaços públicos levando gratuitamente ao público atrações de qualidade e proporcionando a todos uma ampla vivência com as artes.

Após tantas ações e pessoas alcançadas, aliado ao e o sentimento de dever cumprido, a Prefeitura de sete lagoas e toda a equipe da Secretaria Municipal de Cultura e Juventude, agradecem a cada sete-lagoano e visitante que participou, se emocionou e encantou a cidade com seu exemplo e demonstrações de amor às artes!

Vale a pena acompanhar de perto o desenvolvimento cultural de Sete Lagoas que dia após dia trabalha para ser a cidade que a gente quer! Acompanhe as atividades da secretaria em: http://culturasetelagoas.blogspot.com.br/


Por Nana Andrade - Secretaria Municipal de Cultura e Juventude/ Prefeitura de Sete Lagoas 

28 de dez. de 2015

Literatura como cura

LUIZ FELIPE PONDÉ

 O silêncio, às vezes, é um dos maiores indicativos de maturidade de uma civilização Hoje quero falar de dois sintomas que marcam nossa época. O primeiro sintoma é a falação ruidosa de nosso mundo; o segundo é a idéia de que o mundo sofre porque não nos amamos e que tudo se resolveria se nos abraçássemos e parássemos de sermos gananciosos. Fala-se demais hoje. Todos têm opinião. Até jovens de 20 anos são chamados a dar opinião sobre o mundo e a sociedade, quando mal sabem arrumar o quarto. E quando se elegem crianças de 25 anos como arautos da sociedade (adulto que faz isso, o faz, normalmente, para ter discípulos fiéis e fanáticos, ou porque é bobo mesmo), o resultado é que acaba se pensando que o mundo começou, como diz um amigo meu muito esquisito, em "Woodstock". Quando se pensa isso, acaba-se imaginando que o problema do mundo é mesmo aprendermos que "all you need is love"... Infelizmente, a humanidade é mais complicada do que pensa nossa vã inteligência woodstockiana. Contra essa visão infantil da realidade (este é o segundo sintoma do qual falei acima), proponho a leitura da obra do grande crítico norte-americano Edmund Wilson. Vou a ele já; antes, quero voltar ao problema do ruído mais especificamente (o primeiro sintoma do qual falei acima). Somos um grande mundo ridículo e falastrão. Decorrente dessa falação, um ruído infernal toma conta do dia a dia. O silêncio, às vezes, é um dos maiores indicativos de maturidade, não só de uma pessoa, mas de uma civilização. Estou falando isso por conta de um breve ensaio que caiu na minha mão esses dias, parte integrante do volume "Best American Essays 2013", editado por Cheryl Strayed. O ensaio ao qual me refiro foi escrito pela prêmio Nobel Alice Munro e chama-se "Night". Nele, a autora conta a operação que fez quando criança para tirar o apêndice e uma "coisa do tamanho de um ovo de peru". Munro compara o comportamento atual diante de casos como o dela e o comportamento de seus pais na época. A conclusão é que hoje se falaria como o diabo do risco que ela corria na época. Mas, ao contrário, pouco se falou do assunto, "respeitando o medo" sem falação. Conta Munro que, nessa época, ela dormia num beliche com sua irmã mais nova (moravam numa espécie de granja), e que numa noite olhou para a irmã e pensou em sufocá-la. A partir daí, não conseguia mais dormir, pensando no ímpeto que tivera de matar sua irmã. Numa das manhãs seguintes as suas noites de insônia, encontrou com seu pai, todo vestido chique, saindo de casa de manhã muito cedo. Contou para ele o que pensara e o horror que sentira. Seu pai simplesmente lhe disse que esquecesse aquilo e que essas coisas passam. Depois, adulta, lembra como o modo simples de falar do pai a acalmou profundamente. A pequena Alice nunca mais teve insônia. Na sequência, a prêmio Nobel comenta que nunca perguntara ao pai para onde ele ia tão cedo e tão elegante. Perguntou-se se ele ia ao banco renegociar a dívida da família ou ver a mulher que amava, mas com quem não podia ficar porque amava sua família... Silêncio. Nem uma linha de rancor. Hoje, escreveriam uma tese sobre como seu pai poderia ter sido um homem desatento ou, quem sabe, infiel. Ao lembrar-se do seu pai no momento do reconhecimento em que recebera o prêmio, Munro pensa em como ele teria ficado orgulhoso de sua pequena filha insone. Nessas horas, tenho saudade do passado e lamento como nos transformamos em adolescentes barulhentos que se levam demasiadamente a sério. O segundo autor que quero comentar é Edmund Wilson, um dos últimos críticos literários, segundo Paulo Francis, a enfrentar a literatura sem se esconder atrás de grandes teorias abstratas (que se querem "concretas"). No volume editado por Francis pela Companhia das Letras em 1991, "Onze Ensaio - Literatura, Política, História", esgotado, aparece sua "visão de mundo": a história é um longo processo através do qual as civilizações se devoram, criando e destruindo, em círculos, indo para lugar nenhum. Concordo. P