Vila-Matas, autor espanhol dividiu público com densa
reflexão sobre os rumos da literatura
Augusto Gomes, enviado a Paraty (RJ) | 07/07/2012
22:21:47
"Escritores não devem ser vistos, devem ser lidos".
A frase parece bastante óbvia, mas dita num evento como a Flip, em que pessoas disputam ingressos para ver e ouvir autores de perto (e depois ainda enfrentam filas por um autógrafo), soa bastante provocativa.
Ela saiu da boca do autor espanhol Enrique Vila-Matas,
durante conferência na noite deste sábado, na Tenda dos Autores. Foi sua
segunda participação nesta edição da festa - na quinta, ele já havia
participado de um debate com o jovem escritor chileno Alejandro Zambra.
A dose dupla aconteceu porque Vila-Matas foi o
escolhido para substituir o francês Jean-Marie Gustave Le Clézio, que cancelou
sua vinda à Flip devido a problemas de saúde. Vila-Matas não dividiu esta
segunda mesa com ninguém, nem mesmo um mediador. Apenas sentou-se e leu três
textos.
A frase "escritores não devem ser vistos, devem
ser lidos" estava no segundo deles, intitulado "Música para
Malogrados" (mesmo título da conferência). Uma densa reflexão sobre os
rumos da literatura, a leitura dividiu o público - enquanto uns acompanhavam
com atenção, outros deixavam a tenda.
O ponto alto, no entanto, foi o primeiro texto, um
conto em homenagem ao escritor italiano Antonio Tabucchi, morto este ano. No
mais puro estilo de Vila-Matas, o texto embaralhou realidade e ficção (mais do
que isso: questionou as definições de realidade e ficção) com erudição e um
fino senso de humor.
O terceiro e último texto, dividido em tópicos, trouxe
uma série de justificativas que o levaram a escrever "Ar de Dylan",
seu mais recente trabalho. Publicado na Espanha no início deste ano, o livro
foi lançado no Brasil durante a Flip.
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