A literatura é mais
filosófica do que a própria filosofia. Produzir e ler romances, contos,
poemas... é uma forma de conhecer que envolve todo o nosso ser e não apenas o
raciocínio. É uma forma de conhecer intensamente.
Não se trata apenas de
conhecimento documental: a vida dos gregos em Homero, em Sófocles; a vida
medieval em Chaucer, em Dante, a vida no século XIX brasileiro em Machado, em
Alencar...
O conhecimento da
realidade humana é condição essencial para o fazer literário e resultado
prazeroso/doloroso da leitura. A relação entre a vida íntima e as aparências,
os anseios humanos proibidos, o sonho iluminando e traindo são temas
fundamentais da literatura, entre outros.
E aqui está a dimensão
terapêutica da literatura. É claro que na literatura não encontraremos aquela
sistematização, aquela organização lógica, como, em princípio, se espera de um
tratado filosófico, de uma investigação psicológica. Esta fragilidade, no
entanto, é a força da literatura.
Todas as nossas
faculdades serão mobilizadas. Ao pensar literariamente, não pensamos apenas. A
razão literária inclui as desrazões nossas. Gregor Samsa e Emma Bovary,
Quixote, Macunaíma e Capitu, Ulisses e Pinóquio dramatizam nossas escolhas,
concretizam nossos dilemas, causam surpresas, instalam medos, despertam
esperanças, matam ilusões, provocam decisões, inspiram atitudes...
Podemos beber nas
páginas da literatura algo que a ciência, a antropologia e a sociologia não
podem nos oferecer. E estas outras instâncias do saber se beneficiam quando se
abrem para ouvir o que os escritores e os poetas pensam. Contanto que saibamos
como este pensamento é diferente do pensamento "normal"...
POSTADO POR GABRIEL
PERISSÉ
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