9 de mai. de 2010

PROFISSÃO - MÃE


PROFISSÃO – MÃE



(Depoimento de uma Doutora em Desenvolvimento Infantil e em Relações Humana, ou simplesmente... Mãe).
Uma mulher chamada Ana foi renovar sua carteira de motorista. Pediram-lhe para informar qual era sua profissão.
Ela hesitou, sem saber como se classificar.
- O que eu pergunto é se tem algum trabalho.
Insistiu o funcionário.
- Claro que tenho um trabalho, (exclamou Ana). Sou mãe!
- Não consideramos mãe um trabalho. Vou colocar dona de casa, (disse o funcionário friamente).
Não voltei a lembrar-me desta história até o dia em que me encontrei em situação idêntica. A pessoa que me atendeu era uma funcionaria de carreira, segura, eficiente, dona de um título sonante.
-Qual é sua ocupação? (perguntou).
Não sei o que me fez dizer isto. As palavras simples saltaram da minha boca para fora:
- Sou Doutora em Desenvolvimento Infantil e em Relações Humana.
A funcionária fez uma pausa, a caneta de permanente a apontar para o ar, e olhou-me com quem diz que não ouviu bem.
Eu repeti, pausadamente, enfatizando as palavras mais significativas. Então repare, maravilhada, como ela ia escrevendo, com tinta preta, no questionário oficial.
- Posso perguntar, (disse-me ela com novo interesse). O que faz exatamente?
Calmamente, sem qualquer traço de agitação na voz, ouvi-me responder:
- Desenvolvo um programa de longo prazo (qualquer mãe faz isto), em laboratório e no campo experimental. (normalmente eu teria dito dentro e fora de casa). Sou responsável por uma equipe (minha família), e já recebi quatro projetos, (todas meninas). Trabalho em regime de dedicação exclusiva (alguma mulher discorda?). O grau de exigência é a nível de 14 horas por dia, (para não dizer 24 horas).
Houve um crescente tom de respeito na voz da funcionária, que acabou de preencher o formulário, se levantou, e pessoalmente abriu-me a porta.
Quando cheguei em casa, com o titulo da minha carreira erguido, fui recebida pela minha equipe: uma com anos, outra com 7 anos e outra com 4. No andar de cima, pude ouvir meu novo experimento – um bebê de seis meses – testando uma nova tonalidade de voz. Senti-me triunfante!
Maternidade... Que carreira gloriosa!
Assim, as avós deviam ser chamadas Doutoras-Sênior em Desenvolvimento Infantil e em Relações Humanas e as tias, Doutoras-Assistentes.
Uma homenagem carinhosa a todas as mulheres, esposas, amigas, companheiras.
Doutoras na Arte de Fazer a Vida Melhor

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