A Rolling Stone Brasil
publicou uma matéria bastante interessante e com uma abordagem diferenciada. Já
conhecemos vários livros mais “clássicos” que foram banidos em diversos países.
Um dos casos mais famosos é o Mein Kampf, livro “escrito” – dizem que não foi
bem ele que escreveu – por Adolf Hitler, que teria ajudado a converter os
corações dos alemães ao nazismo. A seleção com 10 obras mostra alguns livros
que fizeram sucesso na atualidade. Por exemplo, o primeiro da lista: 50 tons de
cinza.
É claro que também são
apresentados alguns clássicos da literatura.
Cinquenta Tons de Cinza
- Não precisa de nenhum grau de clarividência para adivinhar que uma trilogia
de apelo jovem que fala de sadomasoquismo e bate recordes de venda, no mínimo,
levantaria sobrancelhas em semblantes mais conservadores. De fato, Cinquenta
Tons de Cinza, da escritora britânica E L James, está dando o que falar. Os
livros contam a história de um relacionamento de submissão/domínio entre uma
estudante e um bilionário. Grupos de diversos lugares já se manifestaram contra
a obra, e uma entidade de auxílio às mulheres que ajuda vítimas de violência
doméstica anunciou uma queima de exemplares da obra no dia 5 de novembro.
Saga Harry Potter, de
J. K. Rowling – Livros que envolvem bruxaria enfrentam preconceito e não é
pouco. Os religiosos mais fervorosos, que colocam no mesmo balaio os feitiços
de Hermione e rituais que sacrificam recém-nascidos, caem em cima. E a regra é,
quanto mais o sucesso literário, mais intensa é a caçada a ele, de forma que a
American Library Association (Associação Americana de Bibliotecas) divulgou uma
lista com os livros mais banidos do século e a série de Rowling estava em
primeiro lugar.
As Aventuras de
Huckleberry Finn, de Mark Twain – O livro saiu no Canadá, Reino Unido e Estados
Unidos em 1885. Desde então, os norte-americanos encrencam com ele. Foi banido
de muitas bibliotecas, recebendo críticas a respeito de como a linguagem era
chula, obscena e, em geral, muito deselegante. Fosse hoje em dia, essa crítica
viraria meme. Seu “livro-irmão” As Aventuras de Tom Sawyer passou pelos mesmos
apuros.
Lolita, de Vladimir
Nabokov – Sexo? Sim. Incesto? Sim. Menor de idade com apelo sexual? Sim. O
autor russo caprichou nos conteúdos socialmente proibidos em seu livro mais
conhecido. Tanto que ele nem estava conseguindo publicar a obra na Rússia.
Encontrou uma editora na França que topou o desafio, em 1955. A obra foi logo
considerada pornografia pura. Ainda assim, se espalhou pela Europa e alcançou
os Estados Unidos três anos depois. Em cada país que chegava, sofria algum tipo
de censura.
Por favor Não Matem a
Cotovia, de Harper Lee – Publicado em 1960, foi inicialmente contestado em 1977
(e temporariamente banido) por causa do uso das palavras “maldito” e “mulher
puta”. Depois disso, foram mais dezenas de contestações de bibliotecas e
escolas, tanto por causa de expressões específicas, quanto por causa do
conteúdo. Retratando um acontecimento marcante em uma cidade sulista na década
de 30, o livro de fato traz um retrato doloroso do racismo e muitas das
expressões usadas não são nada politicamente corretas. Mas fazem parte do
retrato que a autora pinta de uma sociedade terrivelmente imbuída de
preconceito.
Ratos e Homens, de John
Steinbeck – O clássico de 1937, escrito pelo autor vencedor do Nobel John
Steinbeck, conta a história trágica de George Milton e Lennie Small, dois
homens simples e deslocados que migram de um lugar para o outro atrás de
trabalho na área rural. A história se passa na Califórnia durante a Grande
Depressão. A obra faz parte da lista de leituras obrigatórias de muitas
escolas, mas desde aquela época é alvo frequente de censores, que repudiam a
vulgaridade e a linguagem racial ofensiva do texto. A acusação principal é de
que o livro promove a eutanásia (sem detalhes para não fazer spoiler). Foram 54
objeções ao título desde que ele foi publicado.
O Apanhador no Campo de
Centeio, de JD Salinger – Poucos livros trazem histórias tão curiosas em seus
bastidores como esse, cujo autor se tornou notoriamente recluso posteriormente
(e até o fim da vida), que nunca pôde virar filme e foi acusado até de ter tido
influência no assassinato de John Lennon. Retratando a angústia juvenil de
forma única, foi publicado em 1951 e sofreu críticas logo de cara. Entre 1961 e
1982, foi o livro mais censurado em escolas e bibliotecas em todos os Estados
Unidos. Em 1960, uma professora foi demitida por dar o livro como leitura de
classe, gerando comoção – ela foi recontratada, posteriormente. Em 1981, foi
tanto o livro mais censurado, quanto o segundo título sobre o qual mais se deu
aulas nas escolas públicas norte-americanas. Ele figura constatemente na lista
anual da American Library Association até hoje. Os protestos dizem respeito, na
maior parte, à linguagem vulgar usada pelo protagonista, Holden Caufield,
referências sexuais, palavrões e o questionamento de códigos morais e valores
familiares, bem como o “encorajamento da rebeldia” e o incentivo ao mundo de
bebidas, cigarro, promiscuidade etc. A perseguição chegou a causar o efeito
contrário – havia listas de espera para pegar o livro emprestado, em alguns
momentos da história.
Catch-22, de Joseph
Heller – O romance satírico se passa no final da Segunda Guerra Mundial. Ele
começou a escrevê-lo em 1953, mas a obra só foi publicada oito anos depois. A
expressão “Catch-22” entrou para a cultura pop, posteriormente, como sinônimo
de uma “situação problemática para qual a única solução é negada pelas
circunstâncias inerentes ao problema ou por alguma regra”. Mal traduzindo e
simplificando, é um belo de um beco sem saída. A primeira grande razão para ele
ter sido banido foi o uso constante da palavra “puta” para se referir às
mulheres.
Versos Satânicos, de
Salman Rushdie – A obra literária do escritor britânico de origem indiana
Salman Rushdie saiu em 1988, retrata uma versão dele do Islã e faz críticas
veladas a várias religiões. O autor foi acusado de “abusar da liberdade de
expressão”, foi jurado de morte em fevereiro de 1989 em uma fatwa (edito
religioso) do aiatolá Khomeini, dirigente espiritual do Irã. Rushdie acabou
vivendo dez anos na clandestinidade.
Crepúsculo, de
Stephenie Meyer – Se os bruxinhos teen caíram nas garras da proibição, que
chances tinham as criaturas mortas e chupadoras de sangue de escaparem ilesas?
Os “problemas” com a saga, de acordo com a ALA, giram em torno dos mesmos
tópicos de sempre: “explícito sexualmente” e “inapropriado para a idade do
público alvo”. Os livros aparecem na lista da ALA desde que o primeiro volume
chegou ao mercado mas, curiosamente, nenhuma das obras da saga está no ranking
mais recente, de 2011.
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